Voto presidencial no Irã acirra tensões sobre uso do hijab

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Por João Silva
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Cartazes de protesto e bandeiras iranianas em meio a ruas lotadas.

São PauloTensões aumentam no Irã devido a repressão contra mulheres sem véus

As tensões no Irã estão se intensificando devido a uma nova repressão contra mulheres que não usam véus. A polícia chama isso de Plano Noor, iniciado antes do falecimento do Presidente Ebrahim Raisi em um acidente de helicóptero. A eleição presidencial na sexta-feira influenciará a continuidade dessa repressão. O candidato reformista Masoud Pezeshkian alertou que esse plano pode prejudicar o país.

O Plano Noor se intensificou em abril. Vídeos online mostram confrontos violentos entre mulheres e agentes femininas em chadors pretos, com policiais uniformizados por perto. Isso não recebeu muita atenção da mídia, mas é amplamente comentado no Irã. Muitas mulheres em Teerã ainda usam seus hijabs soltos ou nos ombros.

No norte de Teerã, um policial pediu às mulheres que se cobrirem, mas parecia frustrado. Fatemeh, uma professora de matemática de 34 anos, acredita que a polícia está sob pressão, mas não deseja realmente confrontar as mulheres. Ela acha que as autoridades podem eventualmente decidir relaxar essas regras.

Fatos Rápidos sobre o Plano Noor:

  • A fiscalização sob o Plano Noor intensificou-se em abril.
  • Vídeos mostram encontros violentos entre mulheres e agentes.
  • Apesar disso, muitas mulheres continuam a usar o hijab de forma frouxa.
  • O uso do hijab é obrigatório no Irã desde 1983.
  • Outros países da região, como a Arábia Saudita, têm relaxado leis semelhantes.

Irã e Afeganistão controlado pelo Talibã são os únicos países onde o uso do hijab ainda é obrigatório. Na Arábia Saudita, as regras foram afrouxadas, mas no Irã, defensores rigorosos insistem na imposição do hijab. O hijab é uma questão importante na política iraniana. Em 1936, Reza Shah Pahlavi proibiu seu uso para se aproximar do Ocidente, mas a proibição durou apenas cinco anos.

Após a Revolução Islâmica de 1979, algumas mulheres optaram por usar o chador, enquanto outras se opuseram à obrigatoriedade do hijab. Em 1983, o uso do hijab tornou-se lei, com punições como multas e prisão. A fiscalização se intensificou após a morte de Mahsa Amini em setembro de 2022. Protestos surgiram, resultando em mais de 500 mortes e 22.000 pessoas presas.

Chefe da polícia iraniana culpa inimigos por recusa ao véu; mulheres enfrentam punições severas

O chefe da polícia nacional do Irã, Gen. Ahmad Reza Radan, alega sem comprovação que inimigos estão influenciando as mulheres a não usarem o véu. Em março, a Anistia Internacional informou que dezenas de milhares de mulheres tiveram seus carros confiscados por não seguirem as leis de vestimenta. Algumas mulheres enfrentaram chicotadas, prisão, multas ou foram obrigadas a frequentar aulas de "moralidade".

Recentemente, a polícia anunciou que soltaria 8.000 veículos apreendidos por violações da lei do hijab durante o feriado de Eid al-Ghadir. Além disso, há um esforço para fechar estabelecimentos comerciais que atendem mulheres sem hijabs. Hadi Ghaemi, diretor do Centro para os Direitos Humanos no Irã, com sede em Nova York, afirmou que o governo usa a eleição presidencial para perseguir e prender mulheres ativistas, silenciando-as.

Após a morte de Raisi, pelo menos 12 ativistas femininas foram presas por suas ações. O Irã vive um momento de grande tensão, e as próximas eleições terão um impacto significativo sobre as mulheres e a sociedade.

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