Desvendando a conexão entre imunoterapia contra o câncer e inflamação cardíaca em pacientes

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Por João Silva
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Coração com células imunes e representação de inflamação.

São PauloImunoterapia contra o câncer, que envolve o uso de medicamentos que auxiliam o sistema imunológico a identificar e combater células cancerígenas, está transformando o tratamento do câncer. No entanto, um problema significativo surgiu: alguns pacientes desenvolvem miocardite, que é uma perigosa inflamação do coração, como efeito colateral.

Um estudo recente conduzido por pesquisadores do Instituto Broad do MIT e Harvard, junto com o Hospital Geral de Massachusetts, destacou informações importantes sobre os fatores imunológicos por trás dessa complicação. A miocardite está associada a alterações em certas células imunológicas e estruturais do coração. Os principais resultados do estudo incluem:

  • Identificação de células imunológicas específicas responsáveis pela inflamação do coração.
  • Diferenças entre as reações imunológicas no tecido cardíaco em comparação com o tecido tumoral.
  • Marcadores sanguíneos potenciais para prever a gravidade da miocardite.

Miocardite provocada por imunoterapia: novo alvo de tratamento sem comprometer combate ao câncer

A miocardite é um efeito colateral raro, porém grave, dos medicamentos de imunoterapia, afetando cerca de 1 a 2% dos pacientes. Devido à sua periculosidade, é crucial encontrar métodos melhores para gerenciá-la. Estudos recentes revelam que a resposta imunológica que causa a miocardite é diferente daquela que combate os tumores. Essa descoberta pode abrir caminho para tratamentos que abordem especificamente a miocardite, sem interromper os benefícios do combate ao câncer proporcionados pela imunoterapia.

Um estudo indica que poderemos desenvolver testes de sangue simples para identificar pessoas com maior risco de miocardite, o que pode resultar em menos biópsias cardíacas. Esse tipo de teste poderia auxiliar médicos a elaborar planos de tratamento mais eficazes e selecionar pacientes que necessitam de acompanhamento mais frequente ou ajustes nas terapias.

A equipe de pesquisa está realizando ensaios clínicos para encontrar possíveis tratamentos. Um desses ensaios está testando o abatacept, um medicamento normalmente utilizado para artrite, para verificar se ele pode reduzir a inflamação cardíaca causada pelo sistema imunológico em pacientes com câncer.

Este estudo investiga como os inibidores de checkpoint imunológico podem causar inflamação no coração e faz parte de um esforço mais amplo para compreender e gerenciar os efeitos colaterais da imunoterapia em diferentes partes do corpo. Ao identificar os fatores que levam a esses efeitos indesejados, os pesquisadores esperam tornar os tratamentos contra o câncer mais eficazes, minimizando os efeitos adversos. O objetivo é melhorar a segurança e eficácia desses medicamentos, proporcionando uma forma mais precisa e segura de tratar o câncer com imunoterapia.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1038/s41586-024-08105-5

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Steven M. Blum, Daniel A. Zlotoff, Neal P. Smith, Isabela J. Kernin, Swetha Ramesh, Leyre Zubiri, Joshua Caplin, Nandini Samanta, Sidney Martin, Mike Wang, Alice Tirard, Yuhui Song, Katherine H. Xu, Jaimie Barth, Pritha Sen, Kamil Slowikowski, Jessica Tantivit, Kasidet Manakongtreecheep, Benjamin Y. Arnold, Mazen Nasrallah, Christopher J. Pinto, Daniel McLoughlin, Monica Jackson, PuiYee Chan, Aleigha Lawless, William A. Michaud, Tatyana Sharova, Linda T. Nieman, Justin F. Gainor, Catherine J. Wu, Dejan Juric, Mari Mino-Kenudson, Giacomo Oliveira, Ryan J. Sullivan, Genevieve M. Boland, James R. Stone, Molly F. Thomas, Tomas G. Neilan, Kerry L. Reynolds, Alexandra-Chloé Villani. Immune responses in checkpoint myocarditis across heart, blood and tumour. Nature, 2024; DOI: 10.1038/s41586-024-08105-5
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