Neve oceânica e cocô de zooplâncton: solução natural para o desafio do carbono

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Por João Silva
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Zooplâncton liberando resíduos nas profundezas do oceano.

São PauloCientistas estão explorando uma nova forma de combater as mudanças climáticas, melhorando a capacidade do oceano de armazenar carbono. A ideia é utilizar pequenos animais marinhos chamados zooplâncton, que naturalmente têm um papel no ciclo de carbono oceânico. Aproveitando os hábitos alimentares desses organismos, os pesquisadores esperam transformar mais carbono do ar em armazenamento profundo no oceano.

Principais descobertas desta pesquisa incluem:

  • Uso de poeira de argila para capturar partículas de carbono de flores de algas.
  • Formação de flocos de argila e carbono que são consumidos por zooplânctons.
  • Aumento da taxa de afundamento das fezes dos zooplânctons e flocos não consumidos.

O projeto se inspira em um processo natural conhecido como a bomba biológica. Normalmente, quando florescimentos de algas morrem, o carbono que elas contêm é liberado na atmosfera. A adição de pó de argila impede essa liberação ao fazer com que as partículas de carbono se aglutinem, permitindo que sejam ingeridas ou afundem no fundo do oceano através das fezes do zooplâncton ou na forma de neve marinha.

Um grupo de pesquisadores descobriu que a argila auxilia na captura do carbono e diminui a atividade de bactérias marinhas, que de outro modo liberariam o carbono na atmosfera. Isso melhora o armazenamento de carbono, tornando-se uma opção promissora para armazenamento de longo prazo.

Zooplâncton desempenha um papel crucial no transporte de carbono nos oceanos. Diariamente, eles nadam até as águas superficiais para se alimentarem de partículas e depois liberam resíduos em águas mais profundas, o que acelera a descida do carbono para o fundo do mar. Esse processo contribui para que o carbono permaneça nas águas profundas por milhares de anos.

Pesquisadores estão planejando testes que utilizam aviões de pulverização agrícola para espalhar pó de argila sobre florações de algas. Eles desejam avaliar a eficácia desse método em diferentes ambientes oceânicos. O objetivo é determinar o melhor momento e locais para aplicar a argila e, assim, aumentar a captura de carbono.

Este conceito propõe que processos naturais marinhos e ações humanas podem atuar em conjunto. Ao utilizar o zooplâncton e a argila, podemos aprimorar métodos naturais para enfrentar a mudança climática. Essa abordagem pode fazer parte de um plano abrangente para gerenciar os níveis de carbono.

O estudo é publicado aqui:

http://dx.doi.org/10.1038/s41598-024-79912-z

e sua citação oficial - incluindo autores e revista - é

Diksha Sharma, Vignesh Gokuladas Menon, Manasi Desai, Danielle Niu, Eleanor Bates, Annie Kandel, Erik R. Zinser, David M. Fields, George A. O’Toole, Mukul Sharma. Organoclay flocculation as a pathway to export carbon from the sea surface. Scientific Reports, 2024; 14 (1) DOI: 10.1038/s41598-024-79912-z
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